22 de abr. de 2011

O TAMANHO DO PROBLEMA



São muitas, irrepetíveis, inexplicáveis, inevitáveis e sombrias as motivações do covarde assassino de crianças de Realengo, no Rio de Janeiro. Seu funesto testamento, feito em cartas e vídeo, cita, porém, um fenômeno que, se não produz automàticamente assassinos e desajustados sociais, atormenta diàriamente milhões de crianças - o "bullying", termo em inglês popularizado no Brasil. Sob seu amplo significado abriga-se todo tipo de tortura física e psicológica de que são vítimas as crianças que têm como algozes seus próprios colegas. Numa série de vídeos que Wellington Menezes de Oliveira gravou enquanto planejava o ataque, ele disse que ia matar para expiar as humilhações que sofrera no colégio. O caso reforça, porém, a ideia de que o bullying não pode continuar a ser negligenciado pelas escolas brasileiras nem pelos pais.

O bullying é executado pelos pares, ou seja, pelo grupo ao qual a criança ou o adolescente precisa pertencer e no qual deve se sentir um igual como parte do processo saudável de amadurecimento psicológico e de preparo para a vida adulta. Sentir-se preterido nesse momento crucial da vida é um castigo cujas marcas podem ser mitigadas, mas nunca serão esquecidas. Por essa razão - e, principalmente, por ser um problema que pode ser prevenido, atenuado e até evitado pelas escolas o o bullying merece uma atenção especial de diretores, professores, familiares e de toda a comunidade escolar.

(Revista Veja - 20/04/2011 - Renata Betti e Roberta de Abreu Lima)

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